Escrever uma vida: biografia e acontecimento

Sara Hartmann, Tania Mara Galli Fonseca

Resumo


Este artigo discute a temática da escrita de vida, a partir de um campo de problematizações em que ela difere de uma ordenação dos signos que aparecem ao pesquisador. Integra a experiência de escrita com vidas de arquivo do projeto de pesquisa “Potência Clínica das Memórias da Loucura”, cujo campo é o Acervo da Oficina de Criatividade do Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre. A investigação teórica do conceito de acontecimento, com Gilles Deleuze, faz da escrita uma seta para o que mais pode um corpo, uma pesquisa, uma linguagem. A tarefa que se coloca é a de extrair de uma vida suas potencialidades, na aspiração de ser justo com o que dela insiste, e resiste em ser significado. É assim que se encontra o biografema, ferramenta de escrita de vida proposta por Roland Barthes, que sugere uma procura pelos pormenores injustificáveis de uma existência. É contar o que dela sobrevive à tentação de torná-la inteira, total, autoexplicativa. Procura traduzir-se, assim, a vida em estado de criação, enquanto índice de singularidades que ultrapassam a existência pessoal.


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ISSN: 1981-1330