Grupo focal de psicologia em pacientes com insuficiência cardíaca
Resumo
A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma doença crônica definida como a falta de capacidade do coração para efetuar as demandas de sangue dos tecidos. Do ângulo emocional, pacientes acometidos de IC apresentam maior angústia devido à representação do coração, como sendo o “órgão da vida”. O objetivo deste estudo foi apresentar as contribuições de uma intervenção psicológica em grupo focal no contexto de insuficiência cardíaca, relatar a estrutura dessa intervenção e descrever o perfil dos pacientes. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório, descritivo, no qual participaram 10 pessoas, com idades entre 63 e 82 anos, nível socioeconômico e escolaridade variados, residentes da região metropolitana de Porto Alegre, integrantes de um Programa Multidisciplinar composto por profissionais de Medicina, Fisioterapia, Educação Física, Biomedicina e Psicologia. Os grupos foram quinzenais, totalizando 14 encontros com duração de uma hora cada, de março a dezembro de 2017. Os dados coletados foram gravados e transcritos, submetidos à análise qualitativa de conteúdo. Os pacientes responderam à Escala Beck de Ansiedade e Depressão, Escala de Autocuidado para Insuficiência Cardíaca, Dados Sociodemográficos e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A partir das verbalizações dos participantes, foi possível discutir os resultados que foram classificados na categoria: contribuições da intervenção psicológica em grupo focal e nas subcategorias temáticas: Conceito de Psicologia, Psicoeducação das Emoções, Psicoeducação sobre Insuficiência Cardíaca, Autocuidado, Relações Interpessoais e Qualidade de Vida. A maioria dos participantes apresentou nível mínimo de ansiedade e depressão e só três participantes apresentaram autocuidado satisfatório (≥70). Os dados foram discutidos à luz da literatura e revelaram a importância da intervenção psicológica para a promoção da saúde dos participantes, descrita como estratégia de apoio e um espaço enriquecedor para trocas e reflexões, onde as experiências compartilhadas em termos emocionais, para além dos aspectos físicos também foram evidenciadas.
Palavras-chave
Referências
Augusto, C. A., Souza, J. P., Dellagnelo, E. H. L., Cario, S. A. F. (2013). Pesquisa Qualitativa: rigor metodológico no tratamento da teoria dos custos de transação em artigos apresentados nos congressos da Sober. RESR, 51(4), 745-764.
Backes, D. S., Colomé, J. S., Erdmann, R. H., & Lunardi, V. L. (2011). Grupo focal como técnica de coleta e análise de dados em pesquisas qualitativas. O Mundo da Saúde, 35(4), 438-442.
Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.
Carlini-Cotrim, B. (1996). Potencialidades da técnica qualitative grupo focal em investigações sobre abuso de substâncias. Revista de Saúde Pública, 30(3), 285-293.
Cenci, C. M. B., Maurina, L. R. C & Wagner, M. F. (2009). Intervenções da Psicologia: transitando em diferentes contextos. Passo Fundo: IMED
Custódio, I. L., Oliveira S. K. P., Lima F. E. T., Queiroz A. P. O, Lavina M. C., & Galvão, M. T. G. (2015). Ações de promoção da saúde a pacientes com doenças cardiovasculares: revisão integrativa. Revista Enfermagem UFPE, 9(7), 8583-8592.
Fossi, L. B. & Guareschi, N. M. F. (2004). A psicologia hospitalar e as equipes multidisciplinares. Revista da SBPH, 7(1), 29-43.
Garbin, L. M., Pelegrino, V. M. & Dantas, R. A. (2007). Avaliação do apoio social e sua relação com variáveis sociodemográficas de pacientes com insuficiência cardíaca em seguimento ambulatorial. Ciencia Cuidado e Saude, 6(4), 456-462.
Giannotti, A. (2002). Prevenção da Doença Coronária: Perspectiva Psicológica em um Programa Multiprofissional. Psicologia USP, 13(1), 167-195.
Gorayeb, R. & Guerrelhas, F. (2003). Sistematização da prática psicológica em ambientes médicos. Revista Brasileira de terapia comportamental e cognitiva, 5(1), 11-19.
Gorayeb, R., Facchini, G. B., Almeida, P. L., Siguihura, A. L. M., Nakao, R. T., & Schmidt, A. (2015). Efeitos de Intervenção Cognitivo-Comportamental sobre Fatores de Risco Psicológicos em Cardiopatas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 31(3), 355-363.
Linn, A. C., Azzolin, K., Souza, E. N. (2016). Associação entre autocuidado e reinternação hospitalar de pacientes com insuficiência cardíaca. Revista Brasileira de Enfermagem, 69(3), 500-506.
Moniz, J. L. & Barros, L. (2005). Psicologia da doença para cuidados de saúde: desenvolvimento e intervenção. Lisboa: Edições Asa.
Morgan, D. L. (1988). Focus groups as qualitafive research. Newbury Park, CA: Sage Publications.
Konstam, V., Moser, D. K. e De Jong, M. J. (2005). Depression and anxiety in heart failure. Journal of Cardiac Failure, 11(6), 455-463.
Krueger, R. A. (1988). Focus Group: a pratical guide for appliedresearch. Newbury Park: Sage Publications.
Lervolino, S. A. & Pelicioni, M. C. F. (2001). A utilização do grupo focal como metodologia qualitativa na promoção da saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 35(2), 438 -442.
Mendes, A. M. O. C., Eufrásio, M. L. P. (2013). Análise compreensiva de uma intervenção na ansiedade e depressão em doentes hospitalizados com insuficiência cardíaca. Revista de Enfermagem Referência, 11(3), 29-35.
Miyazaki, M. C. O. S., Domingos, N. A. M., Valerio, N. I., Santos, A. R. R., Rosa, L. T. B. (2002). Psicologia da saúde: extensão de serviços à comunidade, ensino e pesquisa. Psicologia USP, 13(1), 29-53.
Riedinger, M. S., Dracup, K. A. & Brecht, M. L. (2002). Quality of life in women with heart failure, normative groups, and patients with other chronic conditions. American Journal of Critical Care. 11(3), 211-219.
Rudnicki, T. & Sanchez, M. (2014). Psicologia da Saúde: a prática de terapia cognitivo comportamental no hospital geral. Em: Ismael, S.M.C & Ramos, M.F (Org), A interface entre Psicologia e Cardiologia. Novo Hamburgo: Sinopsys.
Sadock, B. J. & Sadock, V. A. (2007). Compêndio de Psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. (9ª ed.). Porto Alegre: Artmed.
Soares M. R. Z, Ferreira, R. E. R, Carvalho, A. C. & Santos, D. R. (2016). Psicocardiologia: análise de aspectos relacionados à prevenção e ao tratamento de doenças cardiovasculares. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 18(1), 59 – 71.
Straub, R. (2014). Psicologia da saúde: uma abordagem biopsicosocial. São Paulo: Artmed. Straub.
Thomas, S. A., Friedmann, E., Khatta, M., Cook, L. K., Lann, A. L. (2003). Depression in patients with heart failure: physiologic effects, incidence, and relation to mortality. AACN Clin Iss, 14(3).
Tonetto, A. M. & Gomes, W. B. (2007). A prática do psicólogo hospitalar em equipe multidisciplinar. Estudos de Psicologia, 24(1), 89-98.
Wottrich, S. H., Souza, A. L., Seelig, C., Vigueras, E. S. R. & Ruschel, P. P. (2007). Formação em serviço: um relato de experiência da inserção da psicologia no programa de residência integrada em saúde no instituto de cardiologia do RS. Revista da SBPH, 10(1),111-125.
Apontamentos
- Não há apontamentos.
ISSN: 1981-1330