Soberanos e piratas, censores e vagabundos: a ameaça da eversão n’Os Seis livros da República
Resumo
A conceituação da soberania moderna por Jean Bodin se dá por meio de um contraste e confronto com as figuras dos piratas e bandoleiros, agrupamentos travestidos de sociedades que ameaçam everter as repúblicas pelo seu exemplo. Os mais sensíveis a esse contágio nocivo seriam os vagabundos, eles mesmos uma espécie de versão interna dos piratas, aparentando ser cidadãos quando são, em verdade, lobos em pele de ovelhas. Para controlar e desfazer esse travestimento, e ordenar o regime do sensível dos Estados, Bodin invoca a antiga magistratura romana do censor, capaz de chegar aonde a lei não chega e produzir um contágio positivo, uma contrametamorfose. O que significa essa ameaça da eversão, que constitui o Estado moderno e ao mesmo tempo constantemente o coloca em xeque? O que está em jogo entre a anomia e a utopia do travestimento?
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